Como discutir o problema da fome nas escolas: um dos maiores paradoxos da humanidade

A fome é um dos maiores paradoxos da humanidade: como pode haver tanta gente passando essa privação em um mundo que produz alimentos suficientes para todos? Essa é uma questão que precisa ser debatida nas escolas, pois envolve aspectos geográficos, históricos, sociais, econômicos e políticos. Neste artigo, vamos explorar o problema da fome no mundo e como as escolas podem discuti-lo com os alunos, usando como referência o pensamento do geógrafo brasileiro Josué de Castro, um dos pioneiros no estudo desse tema.

A fome como expressão de males sociológicos

Josué de Castro foi um dos primeiros cientistas a estudar a fome no mundo, na primeira metade do século 20. Ele desenvolveu uma teoria que afirmava que a fome não era um problema natural, mas sim uma consequência de distorções econômicas e sociais. Para ele, a fome era a expressão biológica de males sociológicos, que afetavam principalmente os países subdesenvolvidos, vítimas da exploração colonial e do imperialismo econômico.

Castro realizou pesquisas em diferentes partes do mundo e constatou que pelo menos dois terços da humanidade sofriam de fome, de forma epidêmica ou endêmica. Ele também denunciou que a fome era um assunto tabu, que não era discutido na agenda mundial, pois isso poderia ameaçar os interesses dos países desenvolvidos e do mercado internacional. Ele escreveu vários livros sobre o tema, como Geografia da Fome, Geopolítica da Fome e Homens e Caranguejos, que se tornaram referências para o debate sobre esse tema no mundo.

foto Josué de castro
Josué de Castro. Fonte: iconografiadahistoria.com.br

A importância de quebrar o tabu nas salas de aula

É preciso quebrar o tabu da fome nas salas de aula. Pois esse é um problema que afeta milhões de pessoas no mundo, inclusive no Brasil. Para isso, é importante mostrar aos alunos que o problema não é apenas uma questão de produção de alimentos, mas sim de acesso a eles. Ou seja, não basta que haja alimentos disponíveis, é preciso que as pessoas tenham condições de comprá-los ou produzi-los.

Temas propostos para trabalhar a fome na sala de aula:

Para discutir o problema  nas escolas, é necessário abordar os aspectos históricos, geográficos, sociais, econômicos e políticos que estão envolvidos nessa questão. Por exemplo, é possível explorar os seguintes temas:

  • A relação entre a fome e a estrutura agrária: que é concentrada e favorece o latifúndio, a monocultura, a exportação e o uso de agrotóxicos, em detrimento da agricultura familiar, da diversificação, da segurança alimentar e do respeito ao meio ambiente.
  • A relação entre a fome e o comércio internacional, que é desigual e impõe barreiras tarifárias, subsídios e dumping aos países subdesenvolvidos, dificultando a sua competitividade e a sua soberania alimentar.
  • A relação entre a fome e as políticas neoliberais, que reduzem o papel do Estado na regulação do mercado, na garantia dos direitos sociais e na promoção do desenvolvimento humano, aumentando a desigualdade, a pobreza e a exclusão social.
  • A relação entre a fome e os movimentos sociais, que lutam pela reforma agrária, pela agroecologia, pela democratização do acesso à terra, à água, às sementes e aos créditos, pela valorização da cultura e da identidade dos povos do campo e pela defesa da soberania alimentar.

Ao discutir esses temas nas escolas, é possível sensibilizar os alunos para a gravidade do problema da falta de alimento  no mundo. E, para a necessidade de buscar soluções coletivas e solidárias, que respeitem a diversidade, a democracia e a dignidade humana.

Conclusão:

A fome é um dos maiores paradoxos da humanidade, que precisa ser enfrentado com urgência e responsabilidade. As escolas têm um papel fundamental nesse processo, pois podem discutir o problema com os alunos, usando como referência o pensamento do geógrafo Josué de Castro, que foi um dos pioneiros no estudo desse tema. Ao abordar os aspectos históricos, geográficos, sociais, econômicos e políticos que estão envolvidos na questão, as escolas podem contribuir para a formação de cidadãos críticos, conscientes e comprometidos com a construção de um mundo mais justo, sustentável e humano.

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Imagem de capa: Pixabay.com

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